sem destinatário

 hora e outra te lembro pelo caminho; em certos pores do sol, em alguns calafrios da noite e em algumas monotonias do trânsito. como tem sido as coisas por aí? faz tempo que a gente não se fala. esses dias falaram de ti e não sabia pode onde começar a te lembrar. tu não saía da minha boca e do meu lápis e agora só aparece pra tomar um café. é o suficiente pra abrir minhas portas, desatar meus cadarços e me fazer cair. hora e outra sinto o gosto das lágrimas pensando em ti, salgadas e fluídas como as ondas que me acolhem no verão.

o mar tem sido minha calmaria. daqueles amigos que não se veem há anos mas que quando acontece, parece que conversaram ontem, sabe? ele me recebe e me ajuda a respirar - coisa que eu devia tá fazendo sozinho. não sei se algum dia vou aprender a fazer as coisas sozinho. tu sempre fez parte da minha vida e não ter tua companhia às vezes irrita. eu tento te ressignificar, mas não sei onde botar isso tudo que tu representa. esse sentimento enorme não parece encaixar em nada. como algo cresceu tanto dentro de mim? eu nem soube me nutrir e me regar; como terra tão escassa gerou frutos? parece privilégio te dar as honras de uns parágrafos.

desde quando eu comecei a te sentir e não parei mais, as praias me curam. lembrar de amar é tão lindo quanto uma brisa leve depois de uma memória oportuna - é sinal de que vale a pena. te sentir, amor, me faz viver e por isso escrever. danem-se as vidas passadas e futuras, eu não estive nem estarei por lá. é apenas aqui, contigo, agora.

por isso, obrigado pela visita. volta sempre, quando achar que precisa, quando achar que preciso. me lembra de te usar como desculpa nas próximas bobagens e nas próximas massagens. eu tô tentando aprender a me virar enquanto tu some, mas sei que tu volta e é por isso que eu escrevo. meu pulso cansa mais rápido pela escassez de inspiração mas tenho tentado me esgotar pra te manifestar da melhor maneira, mesmo que em formato de email. talvez te veja no próximo filme ou estação, mas até lá, te guardo aqui nos meus abraços apertados, nas minhas risadas calorosas e nos cafés tendenciosos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

espelho, espelho meu

Culpado

Não é fácil parar de comer