Distância

é o que mais sinto nesse momento. achei que só a sentiria por morar sozinho, em outro bairro, longe de amigos, mas é diferente. é distância do que eu deveria estar sendo, do que eu queria pra mim mesmo. distância das minhas verdades. longe do que é aceitável; longe de aceitar que é muito peso pra mim. longe de acreditar que eu não poderia estar melhor. longe da realidade.

quão longe terei que andar pra que as coisas façam sentido? pra que eu possa aceitar que "é ir longe demais" eu não estar feliz? imagino que objetivos loucos são esses que eu me esforço a alcançar, que nem eu mesmo sei? por que quero tanto correr, seguir em frente? o que eu to querendo deixar pra trás?... eu quero deixar isso pra trás? vamos negociar - quanto eu preciso percorrer pra esquecer? quanto pra diminuir a distância de entender que a vida já me passou na corrida? e eu lá estou pra trás? por que eu preciso diminuir o espaço - tu ocupou tanto assim? pensando bem, talvez o título devesse ser


espaço


de tempo que eu não consigo parar de pensar. espaço de reflexão que falta na minha vida. reclamo de não estar chorando, mas não estou me dando espaço pra ser vulnerável, muito menos me permitindo respirar fundo. quem dera fosse falta de terapia, nesse espaço repleto de perguntas, não sei se venho desabafar ou só, estar. melhor ainda, então, intitular isso de


perguntas


que eu gostaria de fazer, mas principalmente as que eu faria pra mim mesmo e as pudesse responder. nessa luta de autoconhecimento e autoaceitação, é horrível não conseguir responder nada. cada pergunta gera mais duas, é a hidra da psicologia. faz bem questionar, porém o xeque-mate vem: será mesmo que preciso encontrar respostas? será mesmo que precisa fazer sentido? vai ver fui feito pra nunca namorar, eu nunca vou saber mesmo. mas isso não é sobre carência ou a falta de alguém ou de um momento. a real é que eu não sei pra quê "isso" é. não sei que título dar, qual resposta encontrar, qual pergunta fazer, qual espaço estar, qual distância percorrer. e nunca saberemos, certo? a gente só tem que seguir aquele maldito caminho do outro texto. como se fosse fácil ler algo e se identificar, entender e se conscientizar. se é tão importante apreciar a corrida da vida, que seja então


aquele maldito caminho do outro texto


meu título. manter as coisas boas dele e excluir o que atrapalha. criar distâncias e abrir espaços. tropeçar junto e levantar sozinho. abraçar as perguntas e viver o maldito não-fim. quem sabe assim encontro algo que me faça entender que não existirão respostas pro que não precisa ser perguntado.


Aquele outro texto: https://avidanefacil.blogspot.com/2020/10/entao-eu-voltei-escrever.html

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